Idolatria
A idolatria é usualmente definida como a
prática de adoração a ídolos, valores e ideias em oposição à adoração a
um Deus monoteísta. A idolatria é considerada um dos maiores pecados
nas religiões abraâmicas, de outro modo, em religiões onde esta
atividade não é considerada como pecado, o termo idolatria é sem
sentido. Quais imagens, ideias e objetos, constituem idolatria, e quais
constituem uma adoração válida é um assunto de discussões por
autoridades e grupos religiosos. É notável o conflito sobre o uso do
termo no cristianismo, entre dois dos seus principais ramos, o
catolicismo e o protestantismo.
Um termo originalmente de cunho religioso, a idolatria foi duramente condenada por certas religiões cujos ritos não incluíam imagens de ídolos. A Bíblia, a Torah e o Alcorão são particularmente taxativos quanto à idolatria, comparando-a com alguns dos piores crimes e pecados concebíveis. Por conta desta condenação, o termo “idolatria” é atualmente adotado como forma pejorativa de referência a práticas religiosas não abraâmicas. Desobedecendo as leis de Deus segundo os seus mandamentos.
Um termo originalmente de cunho religioso, a idolatria foi duramente condenada por certas religiões cujos ritos não incluíam imagens de ídolos. A Bíblia, a Torah e o Alcorão são particularmente taxativos quanto à idolatria, comparando-a com alguns dos piores crimes e pecados concebíveis. Por conta desta condenação, o termo “idolatria” é atualmente adotado como forma pejorativa de referência a práticas religiosas não abraâmicas. Desobedecendo as leis de Deus segundo os seus mandamentos.
Etimologia
A palavra idolatria herda dos radicais gregos eidolon + latreia, onde eidolon seria melhor traduzido por “corpo”, e latréia significando “adoração” – neste sentido representaria mais uma adoração às aparências corporais do que de imagens simplesmente.
História
Os povos da Antiguidade possuiam objetos
representativos de suas divindades, como um ponto focal de adoração. Em
geral, o deus maior nessas crenças idolátricas era o sol. Para os
babilônicos e assírios, o deus sol era chamado Shamash, vindo a frente
de 66 outros deuses, entre os tais, Tamuz (que, segundo sua
mãe, Semíramis, seria o Messias, oFilho da promessa). Semíramis era
mulher de Nimrod, bisneto de Noé e fundador e rei da Babilônia. Ela se
dizia a Rainha do Céu (ou Astarote), deusa a quem muitas mulheres judias
acendiam incenso nas ruas de Jerusalém, como denunciava
o profeta Jeremias.
Par os egípcios, o deus sol se
chamava Rá, mas eles tinham outros deuses famosos,
como Osíris, Adonis (equivalente a Tamuz), Ísis, Maat, Ápis, etc., e um
vasto panteão. Os Fenícios, ou filisteus da Bíblia, que viviam em Canaã,
atual Palestina, adoravam a Baal, Marduk, Moloque, Dagom, Astarte) e
muitos outros, sendo que alguns deles, como Moloque, exigiam sacrifícios
de crianças.
A idolatria não era exclusividade dos
povos orientais, visto que os ingleses no ano 1000 ainda sacrificavam
o Rei Ano no Solstício do verão para que a colheita fosse farta e os
camponeses não passassem fome no último mês do inverno. Os gregos
adoravam a deuses concebidos segundo o caráter humano, tendo um para
cada situação, como Zeus,Poseidon, Hera e muitos outros. O mesmo
acontecia com os etruscos, que deram a Roma sua arquitetura e drenaram o
pântano onde estabeleceram a cidade. Eles praticavamaugúrios, fazendo
seus vaticínios no monte sagrado chamado Vaticano através das vísceras
de animais e outras ciências ocultas. Os Latinos, que se entendiam donos
de Roma, porque antes da chegada dos etruscos e sabinos eles
pastoreavam seus rebanhos nas sete colinas, endeusavam os antepassados
mortos e daí vinha a força do soldado romano, que lutava com bravura
imbatível, tanto por amor aos antepassados mortos, quanto por medo
deles. E por causa da afluência de povos das inúmeras nações as quais
Roma subjugou, o panteão romano chegou a 35.000 deuses, entre
eles, Dionísio Baco (em parte grego), o deus do vinho, em honra a quem
os jovens romanos faziam festas que ficaram conhecidas como “bacanais”,
e Marte, o deus da guerra.
Os primitivos “americanos” também
adoravam a um panteão de deidades, onde o sol se elevava muito acima de
qualquer outro deus. Prova é que sacrificavam milhares de pessoas nos
festivais anuais no Templo do Sol.
Cristianismo
Igreja primitiva
Pintura de Maria (mãe de
Jesus)amamentando o Menino Jesus. Imagem do Século II, Catacumba de
Santa Priscila,Roma. Registros das comunidades cristãs primitivas,
especialmente das catacumbas romanas, indicam que estes
representavam Jesus com imagens e iconografias, como um Peixe, Cordeiro
Pascal e um Bom Pastor, e outros ícones representando santos e
anjos. Desde o século II os cristãos preservavam relíquias de mártires,
oravam pelos mortos e acreditavam na intercessão dos santos, essas
práticas eram conhecidas por alguns antigos grupos judeus, e especula-se
que o cristianismo pode ter tomado a sua prática similar.
Diversos Padres da Igreja atestam esta doutrina. Por exemplo,
em 156 em Smyrna(atual Esmirna na Turquia), após a morte de São
Policarpo, seus discípulos recuperaram os ossos e acolheram-nos como
objetos sagrados. Muitas
catacumbas em Roma estão conservadas imagens feitas pelos primeiros
cristãos, como as catacumbas de Santa Priscila, pintadas na primeira
metade do século II, que possuem imagens de Maria e Jesus. Os cristãos
primitivos não consideravam a confecção de imagens como idolatria.
A partir de 726, o imperador
bizantino Leão III, continuado pelo seu sucessor Constantino V, alegou
que as imagens de santos nada mais eram do que ídolos, iniciando o iconoclasma na parte
oriental da Igreja Católica, pois desejava controlar o poder econômico
dos mosteiros, que confeccionavam imagens, proibindo sua fabricação
eveneração, para isso Constantino V convocou o Concílio de Hieria, que
se auto-intitulou ecuménico, embora não contasse com a participação da
parte ocidental da Igreja Católica, que não aceitou esta doutrina, tendo
os papas Gregório II e Gregório III considerado-a uma heresia e uma
manipulação doutrinal por partes dos imperadores, tendo combatido-a
fortemente. Em 787, a imperatriz bizantinaIrene e o Patriarca de
Constantinopla Tarásio desejavam restaurar a confecção de ícones e se
aproximar da parte ocidental da Igreja, e para resolver a polêmica,
Tarásio convoca um concílio ecumênico, o Segundo Concílio de Niceia, que
declarou legítima a veneração de ícones, foi utilizado principalmente
como prova as passagens bíblicas de Êxodo 25:19; Números 7:89, Ezequiel
41:18, e Gênesis 31:34. Também foram utilizados diversas observações
dos Doutores da Igreja.
Perspectiva católica
Os católicos utilizam objetos
religiosos, como estátuas, cruzes e ícones. Eles apontam para os padrões
de culto do Antigo Testamento seguido pelo povo hebreu, em que eles
tratam com reverência ou veneração certos lugares e objetos, sem
adorá-los, isto é, prestar-lhes o culto que está devidamente reservado
apenas para Deus. A Arca da Aliança foi tratada com grande reverência e
incluía imagens de querubins em cima dela (Êxodo 25:18-22), e
alguns milagres foram associados a ela.
“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” (Êxodo 20:4). Os referidos grupos religiosos acreditam esta passagem teria proibido apenas a representação simbólica de Deus sob a forma de um astro e de um pássaro(que são o “que há em cima nos céus”), de um homem, de uma planta ou animal (“em baixo na terra” – como ocorreria com o Bezerro de Ouro), ou de um animal aquático (“nas águas”) (Dt 4:16-18).
“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele.” (Êxodo 25:18-19) Passagem em que Deus ordena a Moisés a confecção de duas imagens de anjos para a Arca da Aliança.
“Josué rasgou suas vestes e prostrou-se com a face por terra até a tarde diante da arca do Senhor, tanto ele como os anciãos de Israel, e cobriram de pó as suas cabeças.” (Josué 7, 6) Passagem em que Josué se prosta diante da arca da aliança, sendo um exemplo explícito de veneração de uma imagem ou objeto.
Acreditam que Deus condena o uso de
imagens como ídolos de falsos deuses. Sua teologia baseai-se
principalmente nos trabalhos de João Damasceno, um dos Pais da Igreja.
Para estes grupos religiosos o mandamento bíblico do Antigo Testamento,
que proíbe a confecção de imagens de Deus, devia-se ao fato de que Deus
era invisível e retratá-lo seria realmente errado, mas que a encarnação
de Deus em seu Filho Jesus Cristo, “O Verbo se fez carne” (Jo 1:14), assim o Deus invisível se tornou visível em Cristo (Colossenses1:15) e, portanto é admissível que se retrate Jesus.
A Igreja católica ensina que os fiéis sabem “que
nas imagens não há nenhuma divindade ou virtude (…) para ser adorada,
que os pedidos não podem ser dirigidos as imagens (…) Que a honra que é
dada a elas se refere às pessoas (prototypa) que representam, para que
através das imagens que nós beijamos, e diante do qual (…) se
ajoelhamos, nós adoramos a Cristo, e veneramos os santos“.
Perspectiva Ortodoxa
A Igreja ortodoxa ensina que a
encarnação de Jesus torna obrigatório a confecção e veneração de seus
ícones, a fim de preservar a verdade da Encarnação, pois não venerá-los
implicaria negar que Jesus foi totalmente Deus, e negar que Ele tinha um
corpo físico real.
A Igreja Ortodoxa não aceita estátuas (pois as considerada como eidolon), mas apenas pinturas.
Perspectiva “Alta Igreja” protestante
Algumas denominações, bem como segmentos
internos de denominações no protestantismo utilizam símbolos visuais em
sua liturgia. Anglicanos High Church, LuteranosHochkirchliche Bewegung,
Irmãos Morávios, entre outros, possuem cruzes (mas não crufixos –
escultura de Jesus Cristo crucificado), vitrais de cenas bíblicas e
santos da cristandade e estátuas monumentais (como a fachada dos
mártires na Abadia de Westminister). Em comum, evitam devoções diante
voltadas a esses símbolos.
Perspectiva protestante
Há inúmeras linhas
doutrinárias protestantes que divergem grandemente umas das outras,
porém a maioria das religiões protestantes, baseando-se por exemplo
em Êxodo 20:3-6 (outras passagens são encontradas
em Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 etc.) acusam cristãos ortodoxos e católicos
de idolatria, e mesmo de “paganismo” pelo uso de qualquer tipo de
imagem, sendo que a maioria dos grupos protestantes evitam o uso de
ícones.
Perspectiva islâmica
De acordo com o Alcorão, idolatria é um
pecado imperdoável, sendo classificado como a confecção de qualquer tipo
de imagem relacionada ao divino, bem como arrogância eegoísmo.
Historiadores e sociólogos apontam que para “fugir” da proibição de
confecção de obras de arte do divino, os árabes desenvolveram sua
escrita, enfeitando-a, tornando ela própria uma “obra de arte
relacionada ao divino”. O Alcorão e a tradição profética (Sunnah),
definem quatro categorias principais de idolatria no Islã.
- Rubūbīyah (senhoria): Esta categoria refere-se negação de existe um ser ou seres iguais à Deus ou quase iguais.
- Al-Asma In-Sifat (os nomes e os atributos de Deus): Esta categoria inclui as práticas de dar atributos ou imagens a Deus e Sua criação, bem como o ato de dar aos seres criados nomes e atributos de Deus.
- No al-’Ibadah (Culto): Esta categoria refere-se aos atos de culto que são direcionadas para além de Deus.
- Ash-eximir al-Asghar (Desvio menor): Pessoas que pratiquem caridade ou boa ação com a finalidade de mostrar para as outras pessoas, não sendo uma sincera devoção a Deus, sendo considerado como “um desvio menor”.